Como comunicar-se com um surdocego?
As pessoas com surdocegueira possuem diferentes formas para se comunicar com as outras pessoas.
É muito importante saber que há diferenças entre as pessoas com surdocegueira, por isso, é preciso saber que não há um único modelo a ser usado na comunicação destas pessoas. Segue abaixo algumas possibilidades para a comunicação:
Alfabeto manual - A maioria dos surdocegos que vão usar essa forma de comunicação são pessoas que foram alfabetizadas em Libras e Língua portuguesa. Esse modelo consiste em fazer, com a mão, um sistema de signos sobre a palma do interlocutor. São variados os códigos adotados nesse procedimento; a forma mais usual é aquela onde cada letra é representada pelas diferentes posições dos dedos e da mão.
(Descrição da imagem: Alfabeto manual tátil para surdocego. Mãos sobrepostas com a configuração de mãos sinalizando cada letra em ordem alfabética. Pano de fundo da imagem de cor azul. No rodapé o logo do Grupo Brasil antigo.)
Língua de Sinais em campo reduzido - Consiste em usar a Língua de sinais em um espaço próximo ao resíduo visual que o surdocego tem.
(Descrição da imagem: Uma mulher fazendo o sinal de encontro em libras, no campo visual de outra mulher que sinaliza o sinal de I love you. Elas estão em pé, uma de frente para outra, próximas de uma janela com cortina de cor clara.)
Tadoma - Método de linguagem receptiva onde a pessoa surdocega, através do tato, decodifica a fala do seu interlocutor. Consiste em colocar a mão no rosto do locutor de tal forma que o polegar toque, suavemente, seu lábio inferior e os outros dedos pressionem, levemente, as cordas vocais. Este procedimento possibilita a interpretação da emissão dos sons através do movimento dos lábios e da vibração das cordas vocais.
(Descrição da imagem: Uma mulher surdocega segura o maxilar com o dedo indicador na boca de outra mulher, de forma diagonal).
Sistema Braille - Sistema de escrita e leitura tátil criado por Louis Braille, em 1824. Ainda aluno da "Instituition des Jeunes Aveugles", em Paris, o jovem cego Louis inspirado na "grafia sonora", idealizada pelo Capitão de Artilharia Carlos Barbier de la Serre, inventou o Sistema, ainda hoje utilizado, com pequenas modificações, em todo o mundo. Consiste no arranjo de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. As diferentes posições desses seis pontos permitem a representação de todas as letras do alfabeto, dos sinais de pontuação, dos símbolos da matemática, da música e outros.
(Descrição da imagem: uma prancha com as letras do alfabeto em tinta e abaixo de ada letra a representação em braille.)
👉Importante
O termo Congênito (a) designa o que está presente ao nascimento. Estar presente ao nascer Não Significa que as deficiências são de graus severos. Mas sim, podem apresentar diferentes graus de perdas.
O termo Adquirido (a) designa o que Não Está Presente ao Nascimento, mas sim, adquire-se ao longo da vida. Também neste caso, as perdas podem se apresentar de vários graus, desde as mais severas até as mais leves.
Como Ajudar um Surdocego
1. Ao aproximar-se de um surdocego, deixe que ele perceba sua presença com um simples toque.
2. Qualquer que seja o meio de comunicação adotado faça-o gentilmente.
3. Combine com ele um sinal para que ele o identifique.
4. Aprenda e use qualquer que seja o método de comunicação que ele saiba. Se houver um método, conheça-o, mesmo que elementar.
5. Se houver um método mais adequado que lhe possa ser útil, ajude-o a aprender.
6. Tenha a certeza de que ele o percebe, e que você também o está percebendo.
7. Encoraje-o a usar a fala se conseguir, mesmo que ele saiba apenas algumas palavras, para os que têm resíduos auditivos.
8. Se houver outras pessoas presentes, avise-o quando for apropriado para ele falar.
9. Avise-o sempre do que o rodeia.
10. Informe-o sempre de quando você vai sair, mesmo que seja por um curto espaço de tempo. Assegure-se que fica confortável e em segurança. Se não estiver, vai precisar de algo para se apoiar durante a sua ausência. Coloque a mão dele no que servirá de apoio. Nunca o deixe sozinho num ambiente que não lhe seja familiar.
11. Mantenha-se próximo dele para que ele se perceba sua presença.
12. Ao andar deixe-o apoiar-se no seu braço, nunca o empurre à sua frente.
13. Utilize sinais simples para avisá-lo da presença de escadas, uma porta ou um carro.
14. Um surdocego que esteja se apoiando no seu braço, perceberá de qualquer mudança do seu andar.
15. Seja cordial, exerça sua consideração e senso comum.
16. Escreva na palma da mão do surdocego.
a. Qualquer pessoa que saiba escrever letras maiúsculas pode fazê-lo na mão do indivíduo surdocego, além de traços, setas, números, para indicar a direção, e do número de pancadas na mão, que podem indicar quantidades.
b. Escreva só na área da palma da mão e não tente juntar as letras. Quando quiser passar a escrever números, faça um ponto, com o indicador, na base da palma de sua mão, isso lhe indicará que dali em diante virá um número.
Algumas características dos estudantes surdocegos
· Podem apresentar movimentos estereotipados;
· Não demonstram saber as funções dos objetos ou brinquedos;
· Podem rir e chorar sem causa aparente;
· Podem apresentar resistência ao contato físico;
· Movimentam os dedos e as mãos em frente aos olhos;
· Não se comunicam de maneira convencional;
· Tropeçam muito e batem nos móveis, objetos, etc;
· Gostam de ficar em locais com luminosidade;
· Podem não reagir aos sons.
Algumas orientações para professores:
* Evite o toque de muitas mãos;
* Planeje atividades funcionais para o aluno;
* Não infantilize, considere sua idade cronológica;
* Criar uma rotina previsível, com uma possível comunicação;
* Estabelecer uma relação de confiança;
* Respeitar o tempo de aceitação;
* Desenvolver um diálogo não verbal, utilizando os movimentos da criança;
* Utilizar as habilidades que o aluno apresentar;
* Enfocar o processo de aprendizagem e não resultados;
* Perceber suas intenções comunicativas;
* Dar novo significado a objetos e pessoas;
* Respeitar o tempo do aluno e não ser invasivo.
Fonte: Helen Keller National Center New York, 15/07/2006.
Surdocegueira: comunicação e aspectos pedagógicos